-------------------------------------------------------------------------------------------------
Carta da profesora doutora Viga Gordilho:
03/08/2011
Para Arthur,
É um tempo de gerúndio...
E Arthur Scovino, estudante de arte sabe bem disto. Carioca, 30 anos, escolheu a Universidade Federal da Bahia para fazer o seu curso de Belas Artes.
Fazendo o caminho inverso dos “Doces Bárbaros”, veio da baía de Guanabara para a baía de Todos os Santos.
Tive o prazer de tê-lo como aluno na disciplina Pintura I no semestre 2011.01, onde com um desempenho exemplar, concluiu o curso obtendo a bolsa PIBIC (FAPESB).
Realizou na disciplina uma obra pictórica com matriz na performance, onde o corpo em movimento reúne a vida corrente em instantes poéticos. Os instantes poéticos de Arthur reinventam a realidade, convidam a reflexão e caminham transitando e experimentando linguagens distintas.
Arthur está literalmente caminhando na vida e na arte com vitalidade, compromisso e paixão.
Não poderei aqui deixar de referenciar o seu último trabalho onde ele carrega, para todos os lugares que vai, os vinis da cantora Gal Costa. A cada dia, escolhe uma das capas à frente da pilha, contextualizando o lugar que irá. Instaura assim a obra de arte como um Acontecimento atemporal. Este conceito de Acontecimento vem de Gilles Deleuze (2007), para quem o acontecimento está na produção de sentido, está no sujeito. É um bloco de sensações, de afectos e perceptos, que contém um mundo em si. Assim, Arthur vai explorando um campo onde incidem muitas possibilidades e probabilidades.
O registro da sua caminhada reflete um tempo que ele está fazendo existir ilustrado em um diário em blog interativo http://elepesdegal.blogspot.com/.
Mas, como diz a letra da canção "Dê um role", de Moraes Moreis e Galvão, gravada por Gal em 1971: “enquanto eles se batem/ Dê um rolê e você vai ouvir (...) Eu só tô beijando o rosto de quem dá valor/ Pra quem vale mais o gosto do que cem mil réis"....
Então, escuta o Ary Barroso , Arthur, e segues caminhando em busca do “Sol Negro” ...
(...)
Ah! abre a cortina do passado
Tira a mãe preta do cerrado
Bota o rei congo no congado
Brasil! Pra mim!
Deixa cantar de novo o trovador
A merencória luz da lua
Toda canção do meu amor
Quero ver a sá dona caminhando
Pelos salões arrastando
O seu vestido rendado
Brasil! Pra mim, pra mim, pra mim!