OS PASSEIOS DOS LPS DE GAL COSTA
inspiraçãoO carioca Arthur Scovino é o criador de uma ideia inusitada: levar os LPs de Gal Costa para “passear“, inicialmente pela cidade de Salvador. As intervençõesdo artista, que muitas vezes contam com a colaboração dos transeuntes da capital baiana e de pessoas que enviam suas andanças com os discos por todo o mundo, além de artistas como Ivete Sangalo e do promoter David Brasil, são registradas em foto na página elepesdegal.blogspot.com. A proposta de Arthur é terminar a ação quando a musa lançar seu novo disco, o que está previsto ainda para 2011 (como já contamos aqui).
E de onde veio tanta criatividade? Ele conta: ”a Bahia sempre foi minha inspiração para criar. Morando aqui, observo atentamente tudo a minha volta. Um dia, passando pelo corredor da Vitória, percebi um movimento dos fãs de Ivete Sangalo, que se aglomeravam na entrada do condomínio onde ela mora. Lembrei dos anos de 1980 e do sucesso popular de Gal Costa, que mora no mesmo prédio – essa coisa do fã, da emoção, da arte se confundir com o próprio artista, coisas que investigo agora. Naquele momento, imaginei os fãs de Ivete exibindo LPs pro alto, ilustrando e colorindo aquela tietagem performática. Poderia entrar no meio deles com meus colegas da UFBA, empunhando vinis de Gal Costa numa ação artística”.
Com a ideia na cabeça, Arthur passou a levar consigo os discos de Gal Costa, e a registrar tudo que acontecia. “Levo os elepês de Gal para passear comigo, para que respirem novamente os ares das ruas onde, em outros tempos, transitavam das lojas para as casas, das casas para as festas, para outras casas, escolas”, explica o criador.
Além da arte e da perfomance, ele confessa que a iniciativa consiste basicamente em algo que não cabe nele sozinho – e que, por isso, divide com as pessoas, tornando-se exposição ambulante pelas ruas da cidade. ”Recebo fotos de pessoas do mundo todo com os vinis de Gal nas ruas. É essa minha poesia: despertar lembranças, reflexões sobre arte, tecnologia, amizades… Perceber a participação das pessoas em um trabalho artístico nas ruas e nas redes, e também dizer que senti saudade durante esses seis anos em que Gal Costa não gravou um disco novo”, revela. Para o futuro, ele pensa em montar uma exposição, quando estiverem encerradas suas performances.
Até lá, restam ainda alguns bons passeios aos LPs de Gal.
(Por Alana Camara)
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